Quem “vende IA” sem base não é especialista: é motorista.
- Ricardo Frugoni
- 12 de out.
- 2 min de leitura
Quer ser mecânico/engenheiro da IA? Precisa entender o motor.
O que é o motor da IA (sem firula):
Geometria Euclidiana & Álgebra Linear: vetores, matrizes, distâncias, ângulos, projeções. É aqui que vivem PCA, k-means, atenção (produto interno), SVM, regularização L2.
Cálculo: derivadas e regra da cadeia = backprop. Sem isso, você não entende por que o modelo aprende (ou deixa de aprender).
Probabilidade & Estatística: incerteza, Bayes, variância, tamanho de amostra, intervalos de confiança. Sem isso, você só “chuta” resultado.
Teoria da Informação: entropia, cross-entropy, KL. A tal “loss” não é um número mágico — é informação sendo otimizada.
Otimização Numérica: gradiente, momentum, Adam, taxa de aprendizado. É o câmbio do carro; usa errado, o motor gripa.
Computação Numérica: ponto flutuante, estabilidade, normalização de escala, fp16/bf16. Muito “bug de treinamento” é só matemática mal tratada.
Generalização & Métricas: evitar vazamento, dividir dados direito (especialmente no tempo), e medir com métricas certas (AUC-PR, MCC etc.).
Causalidade: saber quando prever não basta; é preciso entender o que muda quando você intervém.
Sinais clássicos do “pseudo-conhecedor”:
Só liga para acurácia/leaderboard e ignora incerteza, calibração e generalização.
Usa random split em séries temporais e chama de validação.
Trava em “qual modelo?” e nunca pergunta “os dados estão na mesma escala?”
Trata cross-entropy como um número qualquer.
Copia hiperparâmetros e não testa sensibilidade a learning rate.
Regra prática (de bolso):
Ruído ~gaussiano / alvo contínuo → L2/MSE (euclidiano).
Texto/imagem onde magnitude engana → cosseno (ângulo).
Hierarquias/árvores → pense em geometria não-euclidiana (hiperbólica).
Classificação probabilística séria → cross-entropy/KL com calibração.
Moral da história: não dá para se dizer especialista em IA sem entender a estrutura que a faz funcionar. Se você não domina essas bases, não está “dirigindo um foguete”: está só pisando no acelerador sem saber onde fica o motor.




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